quarta-feira, 5 de março de 2008

Saúde íntima da mulher merece mais atenção e menos tabus


A saúde íntima é um dos temas mais importantes da vida da mulher. Por muitos anos, falar sobre isso era tabu, mas hoje, tomar medidas preventivas e buscar tratamento são condutas fundamentais. E, claro, quanto mais se conversar sobre o assunto, melhor. Problemas como infecções urinárias, inflamações pélvicas, doenças sexualmente transmissíveis e irregularidades no ciclo menstrual têm sido freqüentes no mundo feminino e precisam entrar na pauta das conversas femininas.

O que acontece é que, se a mulher não souber se prevenir e nem se tratar, certamente ela terá consequências na vida social e sexual, isso sem falar no desgaste sobre a saúde, que pode resultar em problemas graves, como dificuldade para engravidar e até um futuro câncer.

A negligência, vergonha e até a ignorância, infelizmente, de muitas mulheres sobre a saúde íntima é alvo de discussões e estudos médicos. Médicos e especialistas correm contra o tempo para alertar que, com pequenos hábitos, e uma ligeira mudança na rotina, como a consulta ao ginecologista pelo menos uma vez por ano, tudo pode ser resolvido.

Antes de qualquer coisa, é obrigação de toda a mulher saber e entender um pouco sobre as principais questões a cerca da saúde íntima, bem como as doenças mais comuns, suas prevenções e seus tratamentos. A partir deste pequeno conhecimento, a mulher deve buscar atitudes de auto-estima e amor próprio e colocar sua saúde em primeiro lugar. Coloque na agenda uma consulta ao ginecologista por ano e, ao menor sinal destes problemas listados abaixo, não hesite em procurar ajuda médica.

1- Infecções

Infecções urinárias são muito comuns em mulheres. Estima-se que metade das mulheres desenvolve infecção urinária ao menos uma vez na vida. A infecção vaginal também é recorrente e pode trazer prejuízos que vão desde a dor para urinar, até a dificuldade da lubrificação na relação sexual.

Os corrimentos vaginais são bastante comuns entre as mulheres, porém, deve-se ter a consciência de que é necessário procurar um especialista nessas horas em vez de se automedicar.

Outro ponto a ser destacado é a relação sexual intensa. “Ela aumenta a chance de uma mulher contrair infecção do trato urinário, assim como o uso de diafragma e a gravidez. Outros fatores de risco são infecções anteriores, idade avançada, menopausa, pedra nos rins, diabetes, complicações imunológicas e tendência genética”, afirma a ginecologista Miriam Pessolato.

2- Distúrbios hormonais


Esse problema é muito comum no mundo feminino e, pior do que tudo, muitas vezes passa despercebido, pois não é todo mundo que pára uns minutinhos no dia para analisar certos quesitos.

A maneira mais simples e fácil de perceber se há algum distúrbio hormonal no nosso organismo é a regularidade da menstruação. Portanto, a qualquer sinal de desarmonia no ciclo, seja pela amenorréia (quando as mulheres têm o ciclo interrompido por dois meses ou mais) ou pelo sangramento uterino irregular (quando a mulher passa a menstruar apenas de vez em quando, ou em excesso, ou fora de época), é melhor consultar um ginecologista.

Segundo a ginecologista Miriam Pessolato, essas irregularidades são causadas pelo desequilíbrio na produção de hormônios estrogênios e de progesterona. “Isso pode acontecer por problemas psicológicos, como depressão, por estresse intenso ou até mesmo pelo baixo ou excesso de peso. Muitas meninas com anorexia acabam tendo o ciclo menstrual interrompido, por exemplo”, explica Miriam.

Ainda segundo a médica, quando o ciclo menstrual vem em excesso, o problema pode ser a falta de ovulação ou um possível desenvolvimento de miomas.

A melhor prevenção é a alimentação equilibrada, o que também inclui beber bastante água, a prática de exercícios físicos regulares, o sono em dia (em qualidade e quantidade), e a tentativa de estabelecer uma rotina mais tranqüila e com menos estresse – para isso, às vezes vale a pena consultar um psicólogo ou psiquiatra, bem como outros profissionais na área da saúde, como o endocrinologista e o ginecologista.

3- Mioma

“Mioma é um tumor benigno composto basicamente de músculo uterino que cresce dentro ou fora do útero e pode alterar o formato do órgão à medida que se desenvolve”, já adianta Miriam.

O fato mais curioso sobre essa efermidade é que “o mioma costuma permanecer estável durante muito e muito tempo e depois de uma determinada hora ele cresce rapidamente”, afirma a ginecologista.

“Na verdade, ainda não foi descoberto o que causa o mioma ou como ele se forma. Tudo o que foi descoberto é que a progesterona e o estrogênio influenciam o seu desenvolvimento. Os fatores de risco são a idade, histórico familiar, origem étnica e obesidade”, diz.

Apesar de se manifestar em mais de 75% das mulheres, a metade não apresenta sintoma. Os principais desconfortos produzidos pelo mioma, à medida que se desenvolve, podem ser: menstruação irregular, normalmente forte e durante muito tempo, fortes cólicas, sangramentos fora de hora, dores abdominais, pélvicas e na relação sexual, problemas urinários (dores, cistite, vontade freqüente de urinar e problemas nos rins).

Apesar de um problema que pode se tornar grave, o mioma pode ser detectado no exame de toque ginecológico de rotina. “Se o ginecologista sentir uma alteração no tamanho do útero, certamente podemos detectar uma suspeita ali. Por isso também é importante que a mulher tenha o hábito de ir sempre em um mesmo ginecologista, desse modo o médico conhece melhor o seu paciente e pode detectar mais alterações”, explica Miriam, que completa: “Depois disso, a ultrassonografia trans-vaginal vai confirmar ou não o diagnóstico, revelando quantidade (ou a inexistência) de miomas, a localização e o tamanho de cada um”, diz.

4- Ovário policístico

Esse é um distúrbio que interfere no processo normal de ovulação, em virtude de um desequilíbrio hormonal. A formação de cistos durante o processo de ovulação faz parte do funcionamento dos ovários. Depois disso, eles desaparecem a cada ciclo menstrual.

“Porém, em portadoras da Síndrome de Ovários Policísticos (SOP), esses cistos permanecem e modificam a estrutura ovariana, tornando o órgão até três vezes mais largo do que o tamanho normal. A disfunção pode levar à secreção de hormônios masculinos em excesso. A portadora da síndrome ovula com menor freqüência e tem ciclos, em geral, irregulares. Calcula-se que a SOP afeta 20% das mulheres durante o período reprodutivo”, explica Miriam.

Os primeiros sinais são percebidos por causa dos ciclos irregulares, menor freqüência de ovulação e dificuldade para engravidar. Além disso, quando há excesso de hormônios masculinos ocorre crescimento anormal de pêlos nas regiões do baixo ventre, seios, queixo e buço; aumento da oleosidade da pele e aparecimento de espinhas e cravos; queda de cabelos; aumento do peso; e manchas na pele, principalmente nas axilas e atrás do pescoço

5- Inflamação pélvica

“Trata-se da infamação dos órgãos reprodutivos femininos, localizados na pelve. Atinge predominantemente as mulheres jovens, entre os 15 e os 25 anos de idade. Os maiores agentes causadores da inflamação pélvica são transmitidos por bactérias via relação sexual”, explica Miriam Pessolato.

Os principais sintomas são dores na região onde se localizam os órgãos reprodutores, corrimento vaginal amarelado com odor forte e menstruação irregular. Algumas mulheres podem não apresentar sintomas.

6- Útero em alerta

“O câncer de útero é o segundo tipo de câncer que mais afeta as brasileiras, atrás apenas do de mama”, afirma a ginecologista Miriam Pessolato.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de útero mata mais de quatro mil mulheres por ano, atualmente.

Estudos recentes mostraram que o vírus do papiloma humano (HPV) e da Herpes Tipo II (HSV) desempenham papel importante na transformação das células cervicais em células cancerosas, inclusive no caso do câncer de útero.

Os sintomas podem variar: sangramento fora das menstruações ou fluxo menstrual muito intenso, sangramento após a menopausa, irritação ou coceira nos genitais ou corrimentos suspeitos, dor e sangramento durante a relação sexual, presença de sinais estranhos como manchas, verrugas ou vermelhidão na vulva.

Para se prevenir, vale a consulta anual ao ginecologista, bem como fazer exames anuais, como o papanicolau. Além disso, há a vacina do HPV, que previne esse tipo de câncer. “Porém, é necessário falar com o ginecologista sobre a possibilidade de se tomar a vacina. Não são todos que podem”, afirma Miriam.

7- Cuidados gerais

Apesar de a saúde íntima feminina ter muitos pontos para serem abordados, vale lembrar que a consulta ao ginecologista deve ser feita anualmente, no mínimo e os exames rotineiros devem estar em dia – fale com seu médico.

“Além disso, ter uma higiene adequada, uma dieta e o controle de peso sob medida e o hábito de beber bastante água e se prevenir nas relações sexuais ajudam (e muito) para a mulher ter mais saúde e conforto nas relações sexuais”, garante a especialista Miriam Pessolato.


Por Nadia Heisler
Fonte:cristianaarcangeli.terra.com.br/

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